domingo, 2 de junho de 2013

Atlético-MG 0 x 0 São Paulo: o jogo que valeu mais do que uma simples vitória


 
Em meu último post, “Atlético-MG x São Paulo: o discurso politicamente incorreto”, dissertei sobre o que, certamente, era o desejo da Comissão Técnica, elenco e torcedores São-Paulinos: vencer o Galo, no Independência, se possível, por um bom placar, e acabar com a série invicta dos mineiros jogando em seu domínio.

Até os dezessete minutos do segundo tempo, nosso Tri-color tinha o controle do jogo, com posse de bola em torno de 70%, não permitindo que o Atlético-MG criasse muitos lances de perigo. Apesar de o placar apontar zero a zero, o contexto estava a nosso favor e a vitória parecia ser uma realidade ao nosso alcance. Poderíamos, sim, derrotar o Galo e “dar o troco”.

Então, o árbitro apresentou o cartão vermelho ao Denílson, que deixou o gramado e nos deixou com um homem a menos. Ney Franco se viu obrigado a abrir mão de nosso único meia de criação e recompôs o setor defensivo. Naquele momento, fiquei frustrado. Afinal de contas, fica difícil pensar em sucesso tendo um homem a menos, sem criatividade no meio campo e enfrentando um dos melhores times da América do Sul na atualidade.

Pois, bem! A partir de então, o que vi foi uma completa entrega  dos nossos jogadores.  Entrega esta que, apesar da vantagem dos mineiros, fez com que eles continuassem tendo dificuldades em orquestrar lances ofensivos que conseguiam criar, na maioria das vezes, apenas através de bolas aéreas. Por outro lado, nosso São Paulo não abdicou completamente em atacar e, dentro das óbvias limitações, em alguns momentos, chegou ao gol de Victor com perigo. Em especial, gostaria de destacar o Aloisio, símbolo do nosso empenho, garra e raça!

Aos quarenta e nove minutos da etapa complementar, trinta e dois após o lance da expulsão do nosso camisa quinze, o árbitro apita o final do jogo e o placar continuava apontando zero a zero. Diante de toda a adversidade que se apresentou, o Soberano resistiu.  Não derrotamos o Atlético-MG e nem acabamos com sua série invicta, é verdade. Porém, saímos de cabeça erguida! Voltamos ao Independência, enfrentamos um adversário de alto nível, que vive melhor momento, de igual para igual e com um jogador a menos. Conquistamos um ponto importante fora de casa e retomamos a ponta da tabela.

Hoje, não vou entrar em detalhes sobre os pontos de melhoria que nosso São Paulo ainda tem, não vou falar das deficiências nas laterais, nas dificuldades da defesa nas bolas aéreas, nem na falta de criação do meio campo ou nas falhas de conclusão dos atacantes. Hoje, prefiro resgatar uma citação do saudoso mestre Nelson Rodrigues, um dos maiores cronistas esportivos de todos os tempos, o homem que trouxe a emoção à frieza dos fatos que cerceavam os resultados do futebol. Nelson, dizia o seguinte: “Em futebol, o pior cego é aquele que só vê a bola”. Creio que, o que aconteceu esta noite em Minas Gerais traduza por completo este pensamento. Queríamos ganhar, mais do que isto, gostaríamos de ir à desforra contra o Galo. Contudo, ao final do embate, percebi que não foi necessário vencer para alcançar o que, realmente, é mais importante: sentir orgulho em ver meu São Paulo enfrentar qualquer adversário, em qualquer lugar, sob quaisquer circunstâncias e sair de campo tendo a certeza de que o time fez seu melhor, jogou no seu limite e honrou a camisa Tri-color e tudo o que ela representa.

Não derrotamos o Atlético, mas esta noite alcançamos algo maior do que a vitória!

Amplexos,

Ottoni

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