Em meu último post,
“Atlético-MG x São Paulo: o discurso politicamente incorreto”, dissertei sobre
o que, certamente, era o desejo da Comissão Técnica, elenco e torcedores
São-Paulinos: vencer o Galo, no Independência, se possível, por um bom placar,
e acabar com a série invicta dos mineiros jogando em seu domínio.
Até os dezessete minutos do segundo tempo, nosso Tri-color
tinha o controle do jogo, com posse de bola em torno de 70%, não permitindo que
o Atlético-MG criasse muitos lances de perigo. Apesar de o placar apontar zero
a zero, o contexto estava a nosso favor e a vitória parecia ser uma realidade
ao nosso alcance. Poderíamos, sim, derrotar o Galo e “dar o troco”.
Então, o árbitro apresentou o cartão vermelho ao Denílson,
que deixou o gramado e nos deixou com um homem a menos. Ney Franco se viu
obrigado a abrir mão de nosso único meia de criação e recompôs o setor defensivo.
Naquele momento, fiquei frustrado. Afinal de contas, fica difícil pensar em
sucesso tendo um homem a menos, sem criatividade no meio campo e enfrentando um
dos melhores times da América do Sul na atualidade.
Pois, bem! A partir de então, o que vi foi uma completa entrega dos nossos jogadores. Entrega esta que, apesar da vantagem dos
mineiros, fez com que eles continuassem tendo dificuldades em orquestrar lances
ofensivos que conseguiam criar, na maioria das vezes, apenas através de bolas
aéreas. Por outro lado, nosso São Paulo não abdicou completamente em atacar e,
dentro das óbvias limitações, em alguns momentos, chegou ao gol de Victor com
perigo. Em especial, gostaria de destacar o Aloisio, símbolo do nosso empenho,
garra e raça!
Aos quarenta e nove minutos da etapa complementar, trinta e
dois após o lance da expulsão do nosso camisa quinze, o árbitro apita o final
do jogo e o placar continuava apontando zero a zero. Diante de toda a
adversidade que se apresentou, o Soberano resistiu. Não derrotamos o Atlético-MG e nem acabamos
com sua série invicta, é verdade. Porém, saímos de cabeça erguida! Voltamos ao
Independência, enfrentamos um adversário de alto nível, que vive melhor momento, de igual para igual e
com um jogador a menos. Conquistamos um ponto importante fora de casa e
retomamos a ponta da tabela.
Hoje, não vou entrar em detalhes sobre os pontos de melhoria
que nosso São Paulo ainda tem, não vou falar das deficiências nas laterais, nas
dificuldades da defesa nas bolas aéreas, nem na falta de criação do meio campo
ou nas falhas de conclusão dos atacantes. Hoje, prefiro resgatar uma citação do
saudoso mestre Nelson Rodrigues, um dos maiores cronistas esportivos de todos
os tempos, o homem que trouxe a emoção à frieza dos fatos que cerceavam os
resultados do futebol. Nelson, dizia o seguinte: “Em futebol, o pior cego é
aquele que só vê a bola”. Creio que, o que aconteceu esta noite em Minas Gerais
traduza por completo este pensamento. Queríamos ganhar, mais do que isto, gostaríamos
de ir à desforra contra o Galo. Contudo, ao final do embate, percebi que não
foi necessário vencer para alcançar o que, realmente, é mais importante: sentir
orgulho em ver meu São Paulo enfrentar qualquer adversário, em qualquer lugar, sob
quaisquer circunstâncias e sair de campo tendo a certeza de que o time fez seu
melhor, jogou no seu limite e honrou a camisa Tri-color e tudo o que ela representa.
Não derrotamos o Atlético, mas esta noite alcançamos algo
maior do que a vitória!
Amplexos,
Ottoni
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