Aos Ilmos. Srs. Juvenal Juvêncio e Adalberto Batista,
Prezados, saudações Tricolores!
Antes de tudo, gostaria de dizer que respeito e, como
torcedor, sou grato ao trabalho que ambos desempenharam à frente do nosso SPFC
ao longo dos últimos sete anos, principalmente, devido à conquista do tricampeonato
Brasileiro, pela modernização do CFA Laudo Natel e do Cícero Pompeu de Toledo. Sem
dúvida, são feitos que devem ser destacados e de grande importância para a manutenção
da grandeza São Paulina. Por outro lado, devo também lembrá-los que estas e
outras ações positivas não são, de certa forma, mais do que obrigações impostas
pelos cargos que ocupam.
Aparentemente e infelizmente, os senhores, embriagados pelas
conquistas alcançadas, acomodaram-se dentro de um “estado contemplativo” diante
da própria obra, um narcisismo sem fim que os levou a crer que são profundos
entendedores dos meandros do futebol e que seriam capazes de, por si só e
através de seus próprios métodos, manter nosso SPFC na vanguarda do futebol
nacional. Em tempo, digo: erraram, erraram de forma amadora, juvenil.
Se por um lado os senhores são responsáveis por grandes
conquistas, tenham em mente e não fujam da responsabilidade de, também, terem
conduzido o SPFC ao pior momento de sua história no que tange o futebol profissional.
Claro, nada é tão ruim que não possa ser piorado, domingo enfrentaremos um time
que, neste momento, é muito superior ao nosso e que tem tudo para nos vencer, aumentando
ainda mais a nossa péssima fase. Lembrando que esse nosso próximo adversário
foi rebaixado no mesmo ano em que vencemos nosso penúltimo campeonato nacional e
que, após isto, enquanto permanecemos estagnados, ele evoluiu, conquistou a
América, o Mundial e alguns outros títulos. Em resumo, vocês foram, dentro de
sua estratégia, superados pela concorrência e, diga-se de passagem, de longe.
Em vários momentos, vi e ouvi o senhor, Juvenal Juvêncio,
afirmar aos quatro cantos que o SPFC possui gestor, que é um “clube-empresa”
organizado de forma profissional. Bom, tais afirmações me levam a concluir que,
como em qualquer empresa, resultados positivos são o objetivo final do
empreendimento. Inicialmente, não alcançá-los pode estar associados às questões
operacionais. Neste caso, é necessária a “mão do gestor” para reorganizar /
realinhar o negócio e, desta forma, alcançar o sucesso. Contudo, após várias
reorganizações / realinhamentos, sem atingir a efetividade esperada, chegamos à
constatação de que o problema deixou de ser operacional e passou a ser de
gestão. Desta forma, é essencial para a continuidade e sucesso do
empreendimento que seus líderes sejam substituídos e que seja realizada uma
renovação na forma de gerir a organização. Este processo fará com que a mudança
no “topo da pirâmide” seja refletida para as demais camadas inferiores (de
forma positiva) de maneira que o crescimento seja retomado e que o negócio
volte a prosperar dentro do nível de excelência desejado.
Em tempo, esclareço que, apesar da explanação acima, não
tenho a intenção de pedir a vocês que deixem seus cargos e deem espaço a uma
possível renovação. Na verdade, meu objetivo é apenas abrir seus olhos para o
que realmente aconteceu com nosso Tricolor e que grande parcela desta responsabilidade
é estritamente dos senhores. Como Rogério Ceni disse após o jogo contra o
Internacional: “nessa temporada, lutamos para nos salvar”.
Por fim, tenho apenas um pedido a fazer: muito cuidado com o
nível de exposição ao qual estão levando o elenco e os torcedores que, infelizmente,
está chegando ao seu limite. Já viramos piada nas conversas sobre futebol entre
amigos. Agora, vemos nossos adversários nos menosprezar em entrevistas e programas
esportivos. Sendo assim, peço que tenham muita cautela em suas declarações para
não aumentar nosso desconforto (para não dizer outra coisa).
Um fraterno abraço,
Ottoni