Lições sobre a derrota.

 

Desde que acompanho nosso Tri-color em Libertadores, a partir do início dos anos 90, não me recordo de uma derrota tão dolorida. Sim, foi nossa maior derrota. Além do placar elástico e da evidente superioridade do adversário, a postura do time não foi adequada. Aliás, parecia ser o Atlético quem precisava ganhar com mais de dois gols de diferença. Enfim, infelizmente, o SP esteve longe de ser o time que esperamos ver em Libertadores. Lamentável.

Levei aproximadamente cinco minutos para compor o parágrafo acima. Nossa tristeza pode, sim, durar mais que isto, mas não nossas lamentações. Há toda uma temporada pela frente e muito trabalho a ser feito. A eliminação no torneio continental apenas nos tirou a possibilidade de conquistarmos o quarto título. Continuamos a ser tricampeões da competição na qual o Galo busca seu primeiro caneco. Também, continuamos sendo tri-mundiais e, levando em consideração a gloriosa história que construímos, neste momento, é importante  ter o discernimento necessário para tomarmos as ações adequadas, afinal, os insucessos são importantes para melhorarmos enquanto pessoas ou instituições. Sendo assim, abaixo seguem algumas oportunidades que se apresentam:

Elenco

Ficaram evidentes as limitações dentro do elenco. Dificuldades nas laterais e falta de opções na ausência de peças importante. Como exemplo, podemos citar a improvisação do Paulo Miranda na lateral direita. Durante toda competição, não teve o desempenho esperado, deficiência na marcação e pouca produtividade no apoio ao ataque.

Quanto à lateral esquerda, Cortez caiu absurdamente de produção. Carleto assumiu e, em minha opinião, cumpriu bem seu papel. Deve ser mantido. Porém, precisa trabalhar melhor o posicionamento defensivo. Suas “costas” ficam frequentemente descobertas em contra-ataques, complicando a zaga.

Outras posições que merecem atenção especial são:

Zaga: todos os zagueiros, sem exceção, são inconstantes em suas atuações. Precisamos de mais segurança.

Primeiro atacante: não possuímos outro homem de área, além do Luiz Fabiano.

Segundo atacante: não possuímos opção no elenco à altura de Osvaldo.

Precisamos buscar alternativas no mercado para suprirmos estas necessidades. Porém, é necessário que sejam contratados nomes que cheguem para disputar posição e não para compor elenco.

Comissão Técnica

Ney Franco e sua comissão precisam rever alguns posicionamentos. Improvisações não são adequadas e, normalmente, não surtem o efeito esperado. Por exemplo, se avaliarmos todos os jogos em que o Douglas atuou como meia ou “terceiro atacante”,  iremos constatar que, em sua grande maioria, não teve um bom desempenho. Da mesma forma, outras situações envolvendo Paulo Miranda, Rodrigo Caio, etc., tiveram resultados semelhantes. Também, é necessário  melhorar o posicionamento da equipe. Não há dinamismo nas jogadas e toque de bola. Isto ocorre por falhas de posicionamento e entrosamento e deve ser trabalhado. O mesmo acontece com o aspecto defensivo.

Diretoria

Não é hora de mexer no comando técnico do time. Esta retórica se tornou prática no Morumbi e, desde que o Muricy deixou o Tri-color, a troca constante de treinadores apenas nos propiciou um longo período sem títulos. Então, é hora de ter calma. Porém, é preciso, sim, haver a cobrança, ela é natural e deve ser feita de maneira construtiva.

Por outro lado, nossa diretoria também deve reconhecer seus erros. Deficiência nas contratações acabou limitando o elenco e dificultando o trabalho da comissão técnica. Então, é necessário sentar e conversar sobre a necessidade de reforços. No SP, a responsabilidade das contratações recai sobre a presidência e diretoria de futebol. Sendo assim,  é hora de, também, rever algumas decisões e tomar as ações necessárias.

Uma mensagem à Diretoria, Comissão Técnica e Elenco.

A torcida fez sua parte: lotou o Morumbi, acreditou e apoiou até o apito final. Agora, é necessário que vocês façam a de vocês. Esperamos, sim, ações, mas, principalmente, esperamos ações compatíveis com a grandeza e organização do SPFC.

Por fim, obviamente, não era o desfecho que esperávamos, não era como eu gostaria de ver o RC01 encerrar sua participação em Libertadores, mas foi assim que aconteceu. Contudo, lembrem-se:  tristeza, sim, mas nunca esquecendo o orgulho de ser São-Paulino!

Amplexos,

Ottoni